Que legal
Vez por outra acontece: Achei aqui agora um texto de agosto do ano passado, de logo depois de ter me mudado de volta pro sul de Hamburgo. Bacana ver a menção à (insuportavelmente) longa, porém agora concluída, revisão da Tese, cuja versão final impressa entreguei hoje à biblioteca para a publicação online.
Estou tendo dias difíceis. Em geral por uma série de
situações que se sobrepõem quando mudamos de apartamento, o que fiz há uma
semana, mas também por uma série de questionamentos que julgo serem próprios da
idade, a partir do que presenciei de colegas e amigos já mais velhos. No que
diz respeito à mudança, tirando os pontos normais de mudança de endereço de
contas, preparação de apartamento para a entrega, preparação do novo
apartamento para a vida nova, adaptação ao novo bairro, etc.-etc.-etc., ainda
estou há uma semana com geladeira e máquina de lavar pifadas.
Das coisas novas e que nos vão caindo aos poucos, hoje foi
um dia exemplar. Depois de trabalhar umas duas horas ou menos na revisão da
Tese que parece nunca acabar, saí para almoçar no restaurante universitário que
tenho no bairro. Aqui fica a Universidade Técnica de Hamburgo (TUHH), e o
restaurante universitário, a Mensa, é aberta, com preços um pouco mais
caros, para não estudantes que a quiserem visitar. Gosto de ir lá porque os pratos são bons,
há uma boa variedade, os preços são muito acessíveis — e ainda dá pra ver uns mocinhos
bonitinhos de quebra, não poucos deles indianos. Só pra ver mesmo,
porque, além de muito complicados, os alemães são extremamente etaristas. Saí
de lá com o Sol tendo retomado seu posto de aquecedor da vida e resolvi abrir
meus olhos e ouvidos pro mundo pra ver se meu mau humor melhorava um pouco. De
cara, dei com uma loja que já havia visto, mas que não tinha noção do que era.
Artigos para a casa. Bom saber que há uma tão perto.
De lá, fui seguindo aleatoriamente por um caminho que me
deixou em um dos muitos centrinhos comerciais do meu novo bairro (Harburg). Fui
parar numa loja de comics, pequena pros olhos e enorme na variedade da
sua oferta, onde fiquei pasmado, como sempre, com o tanto de dinheiro que eu
poderia gastar sem piedade em gibis e mangás e graphic novels e afins de
uma tacada só. Achei muito louco também
que, enquanto esperava o moço da loja voltar de um café, consegui me conectar
com o Wi-Fi de um centro de reabilitação que fica (creio eu) em cima da tal
lojinha.
Me enfiando por ruas desconhecidas, dei de cara com uma loja
de tapetes que eu já tinha visto uma vez, há uns quatro anos, quando fui pra
uma apresentação musical num centrinho cultural de Harburg. No mesmo bloco ou
quase, um mercado turco, em que entrei e pensei coisas tristes: a música que
estavam tocando era um troço alto e agitado que dava vontade imediata de
começar a dançar. Senti uma leve melhora no meu humor e pensei em como a
Alemanha é, em geral, deprimente, coisa que quase todos os meus amigos brasileiros
que tiveram algum cotidiano aqui reafirmam repetidamente.
Por fim, fui parar quase de caso pensado numa praça onde há
Wi-Fi funcional. Continuo sem internet em casa — parêntese para explicar o
monotópico. Olhei emails e coisas que tais rapidamente e me dirigi pro posto
das bicicletas da cidade, pensando em alugar uma e voltar pra casa pedalando.
Lastimavelmente, o Wi-Fi não pegava onde elas estavam, mas eu redescobri um
mural lindíssimo, que já não me lembrava onde ficava. É o mural da foto, e
tenho certeza de que é desnecessário explicar por que essa praça — onde tem uma
lojinha chama "Hot dog do mano gordo", em que um dos cachorros quentes tem
macarrão como parte do recheio — parece que vai se tornar uma das minhas
favoritas da região.
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