sábado, agosto 29, 2009

Previsivelmente...

... não terminaria este mês sem uma segunda postagem.

Pensei em contar histórias de Juiz de Fora, mas agora elas são muitas, tantas quanto os meus cansaços neste fim de um sábado agitado. Então, resolvi postar um texto que tenho guardado há algum tempo. Foi uma conversinha dessas cotidianas com o meu amigo RHT. Já não me lembro de quem falávamos, mas hoje acho que podíamos dizer o mesmo dum amigo que temos em comum. Cortei as partes da conversa que poderiam comprometer esse meu amigo tão querido.

Everton diz:
7288-4XXX... conhece esse no.?

RHT diz:
naum conheço

RHT diz:
o q tem o número?

Everton diz:
rs
nada
me mandaram uma msg dele
naum sei de quem é

RHT diz:
vai ver é de um q vc apagou por raiva

Everton diz:
rs... mto provavelmente
ou de um dos inúmeros q nunca fizeram parte da agenda do celular.
não passarm de post-its.
e post-its se perdem com facilidade.

RHT diz:
eu q o diga


E ainda tem tanta gente se achando o furinho do pudim...

domingo, agosto 02, 2009

Tu vens, tu vens... eu já escuto os teus sinais!



Queria escrever este texto em inglês. Ele ia começar assim bem chique: Only twice did I... Adoro inversões. Mas vou me poupar o esforço. E os vexames. Vou fazer assim: conto duas lembranças da infância e me norteio por elas para chegar a esse ponto cotidiano. Primeira memória, falo da minha situação habitacional atual, segunda memória, falo do que só fiz duas vezes. Depois conto quem espero. Com essa estrutura bonitinha, quem sabe as idéias arrumadas não me ajudam a selecionar com critério um belo vocabulário, e vocês não dão a sorte de um texto gostoso de ler? Às vezes rola.


Eu devia ter uns dezessete ou dezoito anos, morava ainda no Rio, já não via muita tevê por aquela época, mas estava na sala, e estava passando algo como
Barrados no Baile ou qualquer coisa que o valha. Se não me engano, era uma cena de discussão que se encerrava com alguém jogando outro alguém de uma sacada, e o outro alguém caía numa piscina, no térreo. Eu fiquei chocado. E frustrado: eu realmente queria viver a vida da minha idade, com problemas e convivências da minha idade. Até antes de vir para São Paulo, ouvi muitas vezes a ladainha do "nossa, você parece ser muito mais velho!". Bem, esse comentário se relacionava à minha forma de pensar, de me comportar e de falar. E também era influenciado pelas companhias de que eu me cercava, sempre pessoas mais velhas.


Pois não demorou muito para que aquele
wish upon a star se tornasse realidade. A vida em São Paulo, no CRUSP (os dormitórios estudantis da Universidade de São Paulo, onde morei por aproximadamente sete anos), me fez viver em meio a pessoas da minha idade ou mais jovens, e em meio aos seus problemas corriqueiramente repetitivos. Hoje eu moro num apartamento bem grande, de três quartos, que eu divido com um dos meus melhores amigos, o Fá, e um colombiano mequetrefe. Ai, minha gente, mequetrefe mesmo... sinto muito. Porque eu gosto de quem eu gosto, e ninguém tem nada a ver com isso.


Somente duas vezes eu limpei uma casa inteira sozinho. Detesto faxina. Mil vezes chamar uma faxineira que ter que ficar passando pano no chão e tirando o pó dos móveis e afins. Good grief... é uma trabalheira... Hoje-domingo foi a segunda vez. Daí que estou tão blerguitemente cansado que nem vou pra hidroginástica nenhuma.
A primeira vez foi no mês passado, faz algumas semanas, para a visita do Pé de Feijão. Limpei e tirei pó como poucos, como poucas vezes. Ele tem uns probleminhas respiratórios, e eu resolvi que poeira, no meu quarto, não era uma possibilidade.



engraçadinhas as imagens que os povos fazem, nas suas línguas, quando desenham conceitos: o nosso cotão é o "coelhinho de poeira", em inglês, dustbunny (esta foi o Pirata quem me ensinou... lindinho) e, em francês, um "carneirinho", um mouton


Também, estava sozinho no apartamento fazia uns quatro dias; a limpeza seria minha, e também seria eu quem a desfrutaria. Mas o Pé de Feijão acabou não vindo; e o colombiano me chega com um dos seus dois namorados atuais (não se espantem! quando eu cheguei aqui, ele tinha três fixos e, às quartas, chegava sempre com um desconhecido, que passava a noite... adoro fofoca). Cozinhou lula, fez barulho até não poder mais, deixou a sala e a cozinha um lixo. "Nunca mais", eu me disse.



Quando morávamos em Rocha Miranda, um lugar de que ainda guardo muitas lembranças, inclusive a de um pesadelo que se reiterava na minha primeira infância e de que a minha mãe deu cabo com perícia (outra hora conto), mômi-mômis limpava a casa uma vez por dia, neurótica que era com essas coisas. Uma das lembranças que tenho é do Pinho Sol. A embalagem, o esbranquiçado feito nuvem na água do balde, o cheirinho no ar.


E ela chega hoje, a minha Mica. Então o apartamento precisava ser limpo. Daí eu fui ao mercado, comprei desodorante de vaso
Glade, sabor bosque de pinho, e Pinho Sol. E limpei a casa toda.


Eis a fonte da imagem.