sexta-feira, dezembro 14, 2012

"Ei, ei, eu sou gay!"



"Ei, ei, eu sou gay!" Isso foi o que me gritou um rapaz (bem bonito, aliás, e acompanhado de outro também bem bonito) da sua mobilete (acho que só mesmo eu pra chamar uma motoca de mobilete... ou uma mobilete de motoca), justo quando eu saía do TRE aqui do Recife. Tinha ido lá para resolver coisas: justificar o não voto no segundo turno, transferir meu título. Quase gritei pra ele: "Eu também!", mas mantive a linha. 

Ir ao TRE foi uma chateação. Fazia tempos que estava num vou-não-vou para resolver essas pendências e já tinha até ido a um TRE que não era o certo. O certo era o de uma Praça das Cinco Pontas. (Não dá pra perder a deixa e não comentar desses lugares de nome estranho daqui: Linha do Tiro, Bomba do Eleutério, Tamarineira, Jaqueira, Macieira, Pereira e afins.) De lá fui ao médico, para receber o resultado de um exame que eu havia repetido e cujos resultados me haviam tirado a paz e o sono por alguns dias e noites. Felizmente, o segundo resultado foi tão bom quanto se podia esperar. O triste é ter que fazer o tira-teima em janeiro. Mas a cada dia (ou mês) o seu mal.

Dessa ida ao TRE, atrasada como foi, vem a reflexão de como é difícil a gente se adaptar nesses começos. Sozinho. Felizmente eu tenho escola no assunto, é já a quarta vez que me mudo para um lugar completamente desconhecido nesta minha vida de meu Deus, mas tem hora que só por Ele  mesmo. Só pelo sangue. Finalmente fui justificar o voto, então, na sexta passada, porque até então esperava auxílio dos poucos que conheço. De quem podia me acompanhar de ônibus, de quem podia me levar de carro. Falharam todos, atuou o Google, o mapa, as notas no bloquinho, as informações pedidas na rua, os ônibus com gente ouvindo forró-sertanejo-pagode no celular, com som ruim e volume máximo, tudo isso sob o Sol escaldante do Recife.  

E daí hoje o meu ficante fofo não vem. O marcado era que viesse, mas não vem. Ficante não é nada, exigir o quê? Nem dignidade. Aí é que a gente pega a programação dos cinemas e se prepara pra ser só. Nem o único amigo, filho de mãe solteira e pai vasectomizado, o do domingo marcado no cinema, já não vai. O jeito é ser eu, eu mesmo e Irene, como diz a Grá. E esperar que se crie vida neste Recife meu, ainda inerme, inerte e inescrito.

3 comentários:

Minha Musica disse...

Eu tenho saudades de vc...

Everton Natividade disse...

ei, querido, marque qualquer hora pra bater papo que eu apareço no Skype. ;O)

Everton Natividade disse...

ei, querido, marque qualquer hora pra bater papo que eu apareço no Skype. ;O)