quinta-feira, janeiro 11, 2024

 Será a idade?


Estive na casa de uma amiga para a celebração do Natal. Como o namorido dela é um moço fofo que sabe mexer com computador (e já-já reforço: tecnologia não é nem um dos meus fortes nem uma das minhas paixões nesta vida), levei o meu popopó de já quase dez anos pra ele atualizar, limpar e fazer todas essas outras coisas de manutenção que as pessoas normais fazem sozinhas -- eu não, por pura incompetência. Na volta pra casa, para não falhar numa tradição já bem consolidada, esqueci algo na casa da Mica. O problema fundamental é que foi o cabo carregador, e a tese continua sendo revisada a lentos passos e lento passar de páginas, e a sua publicação precisa ser feita até o começo de fevereiro, para o caso de eu não receber a prorrogação de prazo que já solicitei. Com isso, o carregador era fundamental para os últimos três dias das minhas merecidas férias, nos quais o plano era trabalhar assídua e metodicamente na tal da tese.

Um dia depois do meu retorno, tendo quase criado um novo hábito alimentar nas visitas festivas do fim do ano, resolvi cozinhar uns ovos para tê-los já prontos e a mão. Como não tinha muita noção de quanto tempo precisaria até a água ferver e os ovos cozerem, pensei que meia hora seria um tempo razoável, o que me daria também a possibilidade de ver um episódio de uma série. Teria funcionado, se não fosse eu ter dormido e acordado uma boa hora depois. Levantei para ir ao banheiro e me surpreendi com a luz da cozinha acesa, o que me fez olhar pra porta dela com mais atenção e me dar conta de que tava rolando toda uma fumaça lá dentro. Pois é: a panela esquecida no fogão já tinha lançado a tampa pra longe, ovos esturricados e explodidos fizeram da minha cozinha um pandemônio fedido. Teve fumaça fugindo pro corredor, alarme de incêndio, telefonema pra síndico e o escambau. Podia ter sido bem pior. 

Aí, dois dias depois do meu retorno, eu me dou conta de que perdi a data de devolução dos livros em uma das muitas bibliotecas que frequento. Eram seis. Devolvi um e fiquei com cinco numa bolsinha branca de pano, além de dois que estavam na mochila, para devolver (dentro do prazo!) numa outra biblioteca. Já na segunda biblioteca, devolvi os dois títulos e descobri um dicionário de nomes bacana que deve render uma outra postagem daqui uns dias. Saí de lá serelepe e contente (ou, como diz um amigo meu, "todo pimpão"), caminhei até à estação de metrô e andei uma estação antes de perceber que havia esquecido a bolsa de pano. Liguei pra biblioteca, pedi que a buscassem onde eu supunha que a tinha esquecido, fiz todo o caminho de volta. Ao chegar lá, nem as funcionárias nem eu encontramos a bolsa. Daí me lembrei que tinha passado por uma livraria no andar de baixo do centro comercial onde fica a tal biblioteca e me perguntei se não teria pousado a bolsa no chão ou algo assim... estava descendo as escadas em direção à livraria quando me lembrei que, ao chegar à biblioteca, assim que tirei os dois livros para a devolução, aproveitei o espaço aberto e pus a bolsa de pano com os cinco livros dentro da mochila. Resumo da história: depois de uma boa meia hora telefonando, voltando, procurando, me dei conta de que os livros perdidos tinham estado durante todo o tempo nas minhas costas. 

Nesse mesmo dia, de noite, o meu popopó novo chegou. A tecnologia é uma maravilha, né? Nada como poder passar todos os dados do computador anterior para o novo de forma automática. Mas o velho precisa estar ligado. Difícil, com os 7% de bateria restantes e sem cabo carregador. Mas a Mica já tinha mandado o cabo, e ele estava numa estação de armazenamento dos correios que fica na minha esquina. São uns armários modernos que se controlam eletronicamente (viva a tecnologia!); você vai lá com seu papelzinho da encomenda, escaneia o código e plópi!, abre-se uma das portinhas do armarião, você pega seu produtinho e volta feliz pra casa. Em tese. Lá fui eu no fio de zero grau até à esquina buscar o cabo. A estação daqui é mais moderna, não tem mais o computadorzinho que lê seu código de barras na notificação de entrega armazenada. Ali funciona assim: você lê um código queer com o seu celular, baixa um aplicativo, lê seu código de barras da notificação com o aplicativo, libera a abertura da portinha, pega seu pacotinho e vai feliz pra casa. Ou bem puto, sendo o meu caso o segundo. Afinal, por que eu teria levado meu celular pra ir à esquina buscar um pacote? Tive de voltar pra casa pra buscar o celular. Aproveitei o Wi-Fi pra já baixar o aplicativo. Quando cheguei de volta à estação, vi que o app não funcionava. Escaneei o código queer que tinha lá e vi que tinha baixado um outro dos três (?!) aplicativos da agência de correios daqui (a DHL). Tive que baixar o correto com meus dadinhos do 4G. Minha raiva só crescia. O app não leu o código de barras, e eu tive que digitá-lo manualmente. A ira tomava já conta de todo o meu serzinho de 1m63. Por fim liberou-se a portinha, e eu vim pra casa com meu cabo. 

... ou será só azar?              

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