domingo, janeiro 21, 2024

 

Lista de 2023


1) 1o./1 – Guy Alexandre Sounda, Confessions d’une Sardine sans tête

« Je viens d’un pays qui pue la fin des nouilles, un petit pays tiraillé entre le fromage et le foufou, entre la rumba et le jazz, entre la bible et les fétiches, entre le gazon et la paille, un tout petit pays de cinquante-cinq mille kilomètres cruellement carrés où les hommes vivent de bières et les femmes de prières, où les gosses rêvent de révolutions et de révoltes à la belle étoile en s’entraînant avec des fusils en carton dans les arrière-cours infestées de moustiques ! » (p. 215)

2) 3/1 – 14/2 – Batgirl – Die neuen Abenteuer, Cameron Stewart, Brenden Fletcher, Babs Tarr et alii, übersetzt von Marc Schmitz (Bd. 1), Carolin Hidalgo (Bd. 2 & 3)

 

3) 3/4 – Peter Lauster, Die Liebe – Psychologie eines Phänomens

Um livro interessante com algumas teorias que dão o que pensar (dissociação de amor e sexo, relacionamento/casamento/formalizações sociais como asfixia do que é/deve ser o amor de fato, relação do nascimento do amor com mindfulness...), apesar de algumas ideias já ultrapassadas (amor como um sentimento entre pessoas de sexo diferente, por exemplo). Não sei se é uma leitura que eu recomendaria, nem muito menos se é uma que eu faria de novo.    

 

4) 13/6 – Anuja Chandramouli, Kamadeva – The God of Desire

Postei já um trecho do livro, que achei bacana, mas nada de excepcional. Tive a impressão que tenho tido com muitos romances: o começo te convence de uma qualidade (no texto, na narrativa e nas ideias, em geral) que não se confirma pra depois do primeiro terço de páginas ou, na melhor das hipóteses, da metade delas.

Minha nova monomania, Kama ou Kamadeva é o deus hindu que já vi descrito como deus do amor, do desejo, da paixão e da sedução. Já nem me lembra como o descobri, mas a jornada tem sido divertida: busca de imagens pelo Insta, de informações e narrativas que fossem mais longas que um verbete de enciclopédia, de livros relacionados. Até agora foram este e mais dois: Kamadeva’s Pleasure Garden – Orissa (Thomas Donaldson) e Auguries of a Minor God (Nidhi Zar/Aria Eipe).  

 

5) 11/8 – Neuanfänge – Zeit, etwas zu verändern, umzubauen, aufzubrechen – so kann es gelingen, Psychologie heute Compactheft nr. 72

Uma das duas revistas de Psicologia que chamaram minha atenção já em 2013, quando da minha primeira vinda ao Zale, é essa “Psicologia hoje”, que tem, além dos números normais, que creio serem mensais, esses cadernos especiais que reúnem artigos vários em torno de um tema. Achei que esse sobre “novos começos” seria uma boa leitura para os meses em que preparava a mudança de Norderstedt de volta para Hamburgo e o início da famigerada “qualificação de adaptação” (que começa já na segunda, 14/8, com seminários de dia inteiro por uma semana...). Foi de fato uma excelente escolha. Muitos bons artigos, com noções novas e narrativas de “causos” interessantes com bibliografia adicional me ajudaram bastante nas minhas reflexões dos últimos dias — e isso sem contar as colunas “dicas práticas” (Praxis-Tipp), “correspondência” (Meldungen) e “livros” (minha favorita) que complementaram bem o prazer que foi essa leitura.

 

6) 12/8 – Jean-Michel Ropars, Ulysse dans le monde d’Hermès

 

7) 13/10 – Nidhi Zar/Aria Eipe, Auguries of a Minor God

Um livro curioso, de que já nem lembro como chegou ao meu conhecimento. Provavelmente em uma das minhas buscas frenéticas e sem muito rumo, empreendidas na distração de trívias que se encadenam. O mote dos poemas (o que me interessou) era Kamadeva, cujas cinco flechas dão nome às cinco seções iniciais. Isso eu li. Depois vem um poema bem longo, tão interessante quanto cansativo, cuja leitura diminuiu meu entusiasmo e se arrastou por dias, até que eu esqueci o livro no trem que me levou pras minhas belas férias em Frankfurt. Vai ver o esquecimento foi subconscientemente motivado, já que isso já aconteceu outra vez, exatamente quando estava “pra terminar” (faltava um terço mais ou menos) o livro Flights de Olga Tokarczuk, que me havia sido recomendado com extremo amor por uma amiga polonesa...

 

8) 29/10 – Beziehungsfähig – Sich aufeinander einlassen, Probleme gemeinsam meistern, die Liebe bewahren, Psychologie heute Compactheft nr. 73

9) 15/11 – Rachel Smythe, Lore Olympus 1 & 2 (vol. na tradução em alemão de Hannah Brosch)

Óbvio que não terminei de ler os dois volumes, que são dois patacos, no mesmo dia. Até porque hoje foi o dia da minha segunda Hospitation, a primeira com a docente de didática especial do Latim... um estresse enorme na preparação e na execução. Consequência quase inevitável: o resto do dia foi entre a cama e as séries, aqui e ali trocando uns áudios podcasts com amigos queridos. Tratamento intensivo de autocuidado e reestruturação da saúde emocional e mental da pessoa. A coisa é que me esqueci de pôr o volume 1 na lista na data certa, então hoje entram os dois juntos. A graphic novel é linda, uma graça tanto na arte quanto no enredo. Doido pra começar o volume 3.    

10) 22/11 – Rachel Smythe, Lore Olympus 3 (vol. na tradução em alemão de Hannah Brosch)

11) 12/12 – Peter Wick, Jona – Ein Freundschaftsdrama zwischen Gott und seinem Propheten zugunsten der Menschen

Esta foi uma leitura rápida e bacana das duas que escolhi para o período do Advento. Fiz uma postagem em que a mencionava, e foi interessante pensar Jonas como um missionário revoltoso, além de ver o seu efeito como profeta mesmo quando não verbalizava nada que se pudesse assemelhar ao amor divino.

Vindo agora postar este título, passei os olhos pelas primeiras leituras deste ano e reexperienciei uma sensação que tenho com frequência com estas listas de balanço: o que li no começo do ano parece ter sido há tanto tempo, quase certo de que nem me lembraria, não fosse este hábito meu tão caro de preparar estas listas. [Abre um sorriso.]  

12) 22/12 – Ilse Sand, Die innere Mauer – Beziehungsangst überwinden, Nähe zulassen


quinta-feira, janeiro 11, 2024

 Será a idade?


Estive na casa de uma amiga para a celebração do Natal. Como o namorido dela é um moço fofo que sabe mexer com computador (e já-já reforço: tecnologia não é nem um dos meus fortes nem uma das minhas paixões nesta vida), levei o meu popopó de já quase dez anos pra ele atualizar, limpar e fazer todas essas outras coisas de manutenção que as pessoas normais fazem sozinhas -- eu não, por pura incompetência. Na volta pra casa, para não falhar numa tradição já bem consolidada, esqueci algo na casa da Mica. O problema fundamental é que foi o cabo carregador, e a tese continua sendo revisada a lentos passos e lento passar de páginas, e a sua publicação precisa ser feita até o começo de fevereiro, para o caso de eu não receber a prorrogação de prazo que já solicitei. Com isso, o carregador era fundamental para os últimos três dias das minhas merecidas férias, nos quais o plano era trabalhar assídua e metodicamente na tal da tese.

Um dia depois do meu retorno, tendo quase criado um novo hábito alimentar nas visitas festivas do fim do ano, resolvi cozinhar uns ovos para tê-los já prontos e a mão. Como não tinha muita noção de quanto tempo precisaria até a água ferver e os ovos cozerem, pensei que meia hora seria um tempo razoável, o que me daria também a possibilidade de ver um episódio de uma série. Teria funcionado, se não fosse eu ter dormido e acordado uma boa hora depois. Levantei para ir ao banheiro e me surpreendi com a luz da cozinha acesa, o que me fez olhar pra porta dela com mais atenção e me dar conta de que tava rolando toda uma fumaça lá dentro. Pois é: a panela esquecida no fogão já tinha lançado a tampa pra longe, ovos esturricados e explodidos fizeram da minha cozinha um pandemônio fedido. Teve fumaça fugindo pro corredor, alarme de incêndio, telefonema pra síndico e o escambau. Podia ter sido bem pior. 

Aí, dois dias depois do meu retorno, eu me dou conta de que perdi a data de devolução dos livros em uma das muitas bibliotecas que frequento. Eram seis. Devolvi um e fiquei com cinco numa bolsinha branca de pano, além de dois que estavam na mochila, para devolver (dentro do prazo!) numa outra biblioteca. Já na segunda biblioteca, devolvi os dois títulos e descobri um dicionário de nomes bacana que deve render uma outra postagem daqui uns dias. Saí de lá serelepe e contente (ou, como diz um amigo meu, "todo pimpão"), caminhei até à estação de metrô e andei uma estação antes de perceber que havia esquecido a bolsa de pano. Liguei pra biblioteca, pedi que a buscassem onde eu supunha que a tinha esquecido, fiz todo o caminho de volta. Ao chegar lá, nem as funcionárias nem eu encontramos a bolsa. Daí me lembrei que tinha passado por uma livraria no andar de baixo do centro comercial onde fica a tal biblioteca e me perguntei se não teria pousado a bolsa no chão ou algo assim... estava descendo as escadas em direção à livraria quando me lembrei que, ao chegar à biblioteca, assim que tirei os dois livros para a devolução, aproveitei o espaço aberto e pus a bolsa de pano com os cinco livros dentro da mochila. Resumo da história: depois de uma boa meia hora telefonando, voltando, procurando, me dei conta de que os livros perdidos tinham estado durante todo o tempo nas minhas costas. 

Nesse mesmo dia, de noite, o meu popopó novo chegou. A tecnologia é uma maravilha, né? Nada como poder passar todos os dados do computador anterior para o novo de forma automática. Mas o velho precisa estar ligado. Difícil, com os 7% de bateria restantes e sem cabo carregador. Mas a Mica já tinha mandado o cabo, e ele estava numa estação de armazenamento dos correios que fica na minha esquina. São uns armários modernos que se controlam eletronicamente (viva a tecnologia!); você vai lá com seu papelzinho da encomenda, escaneia o código e plópi!, abre-se uma das portinhas do armarião, você pega seu produtinho e volta feliz pra casa. Em tese. Lá fui eu no fio de zero grau até à esquina buscar o cabo. A estação daqui é mais moderna, não tem mais o computadorzinho que lê seu código de barras na notificação de entrega armazenada. Ali funciona assim: você lê um código queer com o seu celular, baixa um aplicativo, lê seu código de barras da notificação com o aplicativo, libera a abertura da portinha, pega seu pacotinho e vai feliz pra casa. Ou bem puto, sendo o meu caso o segundo. Afinal, por que eu teria levado meu celular pra ir à esquina buscar um pacote? Tive de voltar pra casa pra buscar o celular. Aproveitei o Wi-Fi pra já baixar o aplicativo. Quando cheguei de volta à estação, vi que o app não funcionava. Escaneei o código queer que tinha lá e vi que tinha baixado um outro dos três (?!) aplicativos da agência de correios daqui (a DHL). Tive que baixar o correto com meus dadinhos do 4G. Minha raiva só crescia. O app não leu o código de barras, e eu tive que digitá-lo manualmente. A ira tomava já conta de todo o meu serzinho de 1m63. Por fim liberou-se a portinha, e eu vim pra casa com meu cabo. 

... ou será só azar?