Li esta semana no
Facebook uma postagem de um pai-professor que resolveu, durante essa coisa que
ninguém ainda entendeu, a tal da quarentena, ou o tal do isolamento social,
educar seus filhos com projetos de pesquisa enquanto estão em casa. A experiência
dele me fascinou e me acordou pra uma coisa que sempre soube e que às vezes
ressurge como auto-explicação: a aprendizagem me fascina.
Tenho uma
curiosidade imensa de um milhar de coisas, mas acho que pouco dela se compara à
que tenho com livros, questões religiosas, arte — e outros ramos culturais multipluriversáteis.
Assino uma mala direta de um jornal chamado The Guardian, a qual me traz
resenhas e coisas afins sobre literatura, em geral publicada em inglês. No meio
de um dos emails, descobri Ilya Kaminsky, um poeta russo que mora nos EUA e
traduz poesia russa pro inglês e etcétera (vale muito a pena caçar algo sobre
ele). Ele organizou um livro de ensaios (ou qualquer coisa nessa direção)
oriundos de entrevistas feitas com poetas que declaram sua relação com fé, religião,
misticismo... O resultado é um mosaico doidaço, cheio de textos ímpares e
reflexões inusitadas. Os ensaios-entrevista são precedidos de uma pequena
biografia de não mais que uma página e se fecham com um poema do autor da vez.
O livro se chama A God in the House—Poets Talk about Faith e tem sido
meu companheiro há algumas semanas.
Hoje estava lendo
o capítulo da Marilyn Nelson e pensando uau, que vida doida/fantástica. Alguns
dos autores contam muito da sua vida (caso dela e da Jane Hirshfield), outros
acabam contando uma história marcante (caso do Kazim Ali), alguns me marcam com
a simplicidade de um poema curto e desembaraçado (caso da Grace Paley e da
Alicia Ostriker). Quem me conhece sabe que leio livros com lápis e régua na mão,
sempre sublinhando e marcando o que me pareça merecer destaque. Tava achando
estranho não ter encontrado nada que marcasse no capítulo da Nelson, que é uma
longa autobiografia cheia de meandros interessantes. Na última página dei de
cara com duas frasezinhas densas: Minha oração todos os dias é simples: “Obrigada”.
Eu só sei que uma grande parte do meu trabalho é celebração.
Também descobri a
Szymborska dia desses. Que oásis!
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