sexta-feira, julho 26, 2013

Crônica de um suicídio anunciado



Desde uns seis anos de idade, se é que se lembrava bem, adorava tubarões. Quando procurou explicação pro seu fascínio, só conseguia visualizar um álbum de capa marrom, com muitas fotos de dinossauros, ainda por essa idade. Depois, tinha sido ao ler e reler uma tirinha de quadrinhos que chegara à conclusão de que a paixão infantil por dinossauros e monstros e seres distantes e grandes tinha desembocado no seu encanto por tubarões. Um pouco antes de se mudar pro Recife, tinha lido, não sem brilho nos olhos,  um livro sobre as expedições de um mergulhador profissional que havia viajado o mundo em busca de grandes tubarões, para vê-los e documentar em filmes sua existência e magia subaquática.

Pois nesta manhã de sexta-feira de julho, após remoer questões de vínculo e de seus questionamentos sobre a morte, saiu da sessão de terapia como se fosse um dia normal. Pegou o Dois Irmãos e se dirigia ao trabalho matutino que a esperava em casa, quando pensou quão poético seria entregar-se a um tubarão na praia, provavelmente deserta naquele dia chuvoso. Mudou de caminho e foi pra Boa Viagem. 

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