quinta-feira, maio 14, 2009

SNAPSHOTS

Cena 1: Um coração puro

Essa foi em um dos meus fartamente recheados passeios a Santo Amaro. Lugarzinho anedótico, aquele, viu? Pois ia eu descendo do trem, cheio de gente mal-encarada, como sói acontecer, e vejo um moço bonito no meio daquele monte de gente feia. Raridade. Daí o moço vê que eu o estou olhando, me olha de volta, me tira de cima abaixo e começa a me fazer um sinal estranho, com o indicador esquerdo, que apontava para o bolso direito. Olhei, vi o sinal, achei estranho, fiquei com medo, parei de olhar, fiz de égua. Que eu não desço do salto...

Quando me voltei pra porta, prestes a descer, vejo o meu reflexo no vidro. O meu bilhete único, suicida, no bolso direito da minha calça, tava quase caindo...


Cena 2: Discípula fiel

Daí que ia eu do lado de cá, com um pouco de pressa. Tava indo pra aula de hidroginástica no SESC. Daí a tiazinha vem lá do outro lado da rua, da frente da Igreja Universal do Reino de Deus, com um daqueles jornaizinhos deles na mão.

Ela me tinha visto desde longe, e eu a ela; ela veio atravessando com cuidado e a lentos passos, toreando os carros que vinham pela rua, só para chegar até mim, aqui do outro lado. Entrega-me o jornal e me convida para uma das reuniões da Igreja; eu sorrio simpaticamente, agradeço o impresso e o convite, sigo o meu caminho com um grande sorriso interno. Que bonito alguém que tem uma meta e a cumpre com majestade.


Cena 3: Foi por acaso

Que eu descobri o Mawaca, quando a Mica foi a um xou e me chamou. Depois me dei conta de que já tinha assistido a um xou delas com o meu primeiro namorado, nos idos de 2002 (acho).

Foi também por acaso que descobri a Lila Downs, quando a Lua-Mais-Vermelha ouvia um CD gravado com muitas músicas da mexicana. Paixão fulminante. (Ficou ambíguo: pela Lila ou pela Lua? Pelas duas.)

O mesmo CD (que não era da Lua), anos depois, me volta às mãos. Daí resolvo ouvir uma música, que eu sempre pulava, porque era em inglês (sim, professor de inglês eu sou... mas ganhei uma ojeriza da língua por uns tempos... não queria nem saber de nada). Descobri uma cantora chamada Susheela Raman, de voz doce-rouca, que cantava uma música de ares orientalizantes-orientalizados. A música fala de "Maya", possivelmente em referência à deusa... sei lá eu. Só sei que eu ouvia e entendia "Maria" e, pela letra, cri que era uma apologia à maconha. Risos. Fartos.

Falando nela, há algum tempo venho bolando uma nova postagem sobre O Sonho. Porque a gente ama quem a gente ama, e isso independe de tudo e de todos. Esta postagem mesma, com muito esforço, não foi toda sobre ele. Mas ei-lo: me apresentou Oren Lavie, de que conheço pouco, mas cujo clipe é fenomenal -- e as resenhas bem o reconhecem.