terça-feira, março 04, 2008

Medos e traumas (provavelmente "parte 1")


Aí pelos meus quatorze anos, ainda no Rio de Janeiro, eu tive a terrível experiência de, saindo descalço do banho, pisar um camundongo, que eu esmaguei de imediato. A sensação da massinha de modelar que faz squash sob o pé, acompanhada de um pequeno ranger de ossos que se quebram não é legal, gente. Soltei um berro tão absurdo, que o pobre do meu pai, uma rua abaixo, ouviu e chegou a casa já todo esbaforido para saber o que tinha acontecido.

Em 2006, assim que voltei de Belo Horizonte para São Paulo, trabalhei durante um curto período na UniABC. Um dia, quando fui comprar um lanche, no pequeno caminho entre o caixa e o balcão, tive a segunda grande chance de esmagar um camundongo. Felizmente, dessa vez, eu estava calçado. Infelizmente, era um tênis de sola não muito grossa...

Foi também nesse mesmo período que eu descobri que a casa onde morava estava infestada dessas criaturas, também na sua versão XL, os ratos e as ratazanas. Foi um período doloroso. Um contrato de seis meses assinado, a imprecisão lenta da dita "Vigilância Sanitária" (as aspas indicam ironia), os quartos de amigos e do meu ficante da época usados de abrigo/refúgio. E ainda tive que ver uma das maiores, inchada, morta embaixo da minha cama antes de eu me mudar daquele inferno de lugar. Foi nessa época que eu conheci uma veterinária maravilhosa ali no Bonfa, uma gravidinha linda, linda, que me deu uma aula de uma boa hora e meia sobre essas criaturas nojentas. Não vou publicar o que sei sobre elas porque estou em jejum para um exame que vou fazer amanhã... é difícil pôr pra fora o que se não tem lá dentro. O fato é que o Butantã estámeio cheio dessa praga para todo o lado, por causa das obras do metrô e às margens do rio Pinheiros.

Quando cheguei de volta ao Conjunto Residencial da USP, para onde me mudei da que ficou conhecida como a República dos Ratos (que agora tem um site... uma piada: http://www.republicausp.com.br/), sabendo dum caso de infestação que havia acontecido no bloco E (onde eu tinha morado durante a graduação), fiquei de olhos abertos e, certa feita, dei de cara com um rato no meu corredor. Isso já no bloco C, onde moro agora. Depois disso, foram dias e dias sem dormir, dormindo com a luz acesa... enfim, reflexos que ainda se vêem hoje. Desde essa época, isso começou a me preocupar. Acho que vou precisar de tratamento. E se digo isso assim, para quem quiser ouvir (ou melhor, ler), é porque sei que sou desequilibrado e o assumo.



Daí que acabo de sair ali para escovar os dentes. Já estava tudo apagado e, quando acendo as luzes da sala, ouço um barulho entre a estante próxima à porta e o sofá. Olho na direção da estante e vejo o pacote de pães bisnaguinhas do Jony no chão, ao lado da caixinha de chá do Régis. Conclusão lógica? Há um rato na sala, muito provavelmente escondido no sofá. E eu liguei para o Jony (que tá ali no quarto dele), do celular; ele saiu do quarto, mexeu em tudo, cutucou e cutucou. Nada além dos rastrinhos que eles sempre deixam, aqueles cocozinhos TM. E eu, com o meu exame marcado para amnhã, simplesmente vou passar a noite em claro. Já comecei a pensar para onde vou me mudar. Alguém tem alguma sugestão?

Nessas horas é quase impossível não se tornar egocentrérrimo e não perguntar "meu Deus... são DOZE apartamentos no corredor... a peste tinha que entrar no meu?"... E eu me lembro também de um idiota qualquer que me disse que há um total de quatro camundongos para cada ser humano no mundo. Ai, Cristo... eu já matei três... será que inda vai ter outro?