terça-feira, fevereiro 12, 2008

Visões e imagens







Quid... uani terremur imagine uisus?
Lucano, Farsália, III, 38

Por que somos aterrorizados pela imagem de uma visão vã?


A frase é de Pompeu, coitado, ex-esposo de Júlia e agora casado com Cornélia, em luta contra Júlio César na Guerra Civil, que é o tema do poema
Farsália. Ele se questiona o porquê do medo de uma visão que recebeu em sonhos: a ex-esposa morta, Jália, aparece-lhe e prevê a sua morte no campo de batalha.


À parte a minha fixação por sonhos, esta frase tem estado no meu mural há já mais de um mês. Já nem me lembra bem por quê, mas acho que a pus lá para me lembrar com freqüência que o tanto de estrada a percorrer não me deve acabrunhar a ponto de fazer perder o movimento. Isso sobretudo com relação ao desenvolvimento da Dita, enorme como é e deve ser, mas cujas partes a escrever são sempre maiores que as já escritas.


Mas há outras visões que eu temo, outras que eu evito, outras que eu desprezo...

Ultimamente tenho tido visões pouco prováveis, esbarrões com exes e coisas afins. No Carnaval, em BH, estávamos eu e o meu agora ex-namorado andando pelo Centro e dei de cara com um mocinho que tinha sido a minha grande paixão lá, três anos atrás, em 2005. Poucos dias depois, já de volta a São Paulo, almoçando com a minha amiguinha alemã
no Apfel, dei de cara com o que deve ter sido o maior amor da minha vida: o famoso em busca de quem eu vim parar em São Paulo. Da primeira vez que esbarrei com ele aqui, foi anúncio do começo de um namoro; desta vez, parece que o foi dum fim.

Nas visões que eu evito, que eu diga somente - que espanto! - que há cada vez mais bichinhos mortos estatelados pela rua. Meu Deus! quem consegue dormir à noite com a memória de tais visões? Por Cristo... Falando em bichinhos, paradoxalmente, há outros amedrontadoramente amedrontadores que me encantam. Tenho uma conta de email no Yahoo!, e hoje entrei pela página de entrada do .com, onde havia uma foto de um tubarão. A notícia era sobre como o número de ataques tem aumentado, ainda que os pobres estejam cada vez mais ameaçados, e algumas raças já em vias de extinção. Em poucos minutos, estava eu numa página fazendo um quizz sobre os tubarões e o seu papel no hábita oceânico, e logo em uma outra bem-bolada, em que você via fotos de cada uma das raças, devidamente legendadas, e passava à seguinte somente depois de atribuir uma nota à foto vista. Estou indo para a cama feliz. Adoro tubarões! E ainda descobri que as rêmoras nem ficam em volta deles só para se alimentar dos restos de comida que escapam dos dentões dos bichões.

E as visões que eu desprezo são tantas que vou ignorar o tópico. É melhor não se expressar sobre certas coisas, né, Lucy?